Corpos Em Combustão

Corpos em Combustão é uma performance-instalação que desenvolvo a partir da interação direta entre meu corpo, o fogo e a cera. A ação consiste em derreter velas rígidas com as mãos, guiando o fluxo da matéria quente até que ela se transforme em formas temporárias — topografias criadas ao vivo, em tempo real.

A obra opera na fronteira entre escultura efêmera, gesto performático e ritual contemporâneo. O fogo, nesse contexto, não é apenas uma ferramenta, mas um agente que ativa transformação e presença. O que me interessa é o momento de transição: quando o material cede, quando o gesto deixa marcas, quando a matéria se reorganiza e revela outras possibilidades de forma.

Desde o início, encaro essa prática como uma escuta ativa. Cada ativação parte da relação com o espaço, com o tempo e com quem está presente. A performance pode ser íntima ou coletiva — tanto em ambientes expositivos quanto em contextos domésticos ou públicos. Em todos os casos, adapto a experiência às condições do encontro, e cada sessão resulta em uma obra única e irrepetível.

O trabalho tensiona algumas noções centrais da arte contemporânea: permanência e efemeridade, autoria e participação, forma e processo. Ao transformar o ato de criar em um processo relacional, a obra também se abre a questões ligadas ao corpo, à expressão e à memória material.

Vejo Corpos em Combustão como uma pesquisa em andamento — um dispositivo que sigo ativando, testando e reformulando. Ele não se encerra no objeto final, mas no campo expandido da experiência. Meu interesse está tanto no que se forma quanto no que acontece enquanto se forma.